Entenda o que dizem os especialistas, como identificar o momento certo e veja dicas acolhedoras para uma transição sem traumas.

Se você já pratica cama compartilhada ou está pensando em começar, provavelmente em algum momento vai se perguntar: até quando devo manter meu bebê dormindo comigo na cama? Essa é, sem dúvida, uma das dúvidas mais comuns entre mães e pais, e não existe uma resposta única e definitiva.
Na verdade, cada família encontra seu próprio ritmo e adaptação. Porém, é importante entender as recomendações dos especialistas e, claro, observar de perto as necessidades da criança e o bem-estar de todos os envolvidos.
Neste artigo, vou compartilhar informações atualizadas, dados de estudos e também a minha experiência pessoal sobre o assunto. Vamos conversar sobre os prós e contras de prolongar a cama compartilhada, até quando ela é segura e como fazer a transição para o quarto próprio sem traumas — tudo com muito carinho e respeito ao seu momento.
Por que essa dúvida “Até quando fazer cama compartilhada” é tão frequente?
A verdade é que a cama compartilhada costuma começar como um recurso emergencial: para facilitar a amamentação, reduzir os choros noturnos e proporcionar noites um pouco mais tranquilas para todos.
Mas, conforme o bebê cresce, surgem questionamentos: será que dormir junto ainda é seguro? Isso pode afetar a autonomia da criança? Como e quando devo fazer a transição?
Essas dúvidas são naturais e, aliás, saudáveis. Afinal, elas mostram que você está atenta ao bem-estar do seu bebê e da sua família como um todo.
O que dizem os especialistas sobre até quando fazer cama compartilhada?
De acordo com a Academia Americana de Pediatria (AAP), a recomendação oficial é que o bebê durma no mesmo quarto dos pais — de preferência no berço ou moisés — até pelo menos os 6 meses de vida, idealmente até 1 ano. Essa orientação tem como base a redução do risco de Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL), que é mais incidente nos primeiros meses.
Por outro lado, a mesma academia alerta que a cama compartilhada, principalmente com recém-nascidos, deve seguir cuidados rigorosos de segurança (como explicamos no artigo anterior).
Passado o primeiro ano, a recomendação se flexibiliza e passa a depender do contexto de cada família e das necessidades individuais da criança.
Já no Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que o bebê durma no quarto com os pais até 1 ano de idade, e também orienta que a cama compartilhada seja evitada com recém-nascidos, mas reconhece que, na prática, muitas famílias mantêm a criança na cama até os 2 anos ou mais.
Até quando é seguro fazer cama compartilhada?

Até os 6 meses:
Nessa fase inicial, o risco de morte súbita ainda é considerado mais elevado. Por esse motivo, caso a cama compartilhada aconteça, é essencial que ela siga rigorosamente todos os protocolos de segurança recomendados. Além disso, é importante redobrar a atenção com os detalhes do ambiente e observar o bebê com frequência durante o sono.
De 6 meses a 1 ano:
Nesse período, o risco de morte súbita já diminui consideravelmente. Ainda assim, a recomendação é que o bebê continue dormindo no mesmo quarto que os pais. Caso a cama compartilhada seja mantida, o ideal é seguir respeitando os cuidados básicos de segurança. Além disso, é importante continuar observando os sinais do bebê e ajustar a rotina conforme ele cresce e desenvolve novas necessidades.
De 1 a 2 anos:
A partir dessa fase, a prática da cama compartilhada costuma ser mais tranquila do ponto de vista da segurança física. Por outro lado, surgem novos desafios, como a construção da autonomia do sono. Portanto, se a família optar por continuar dormindo junto, vale a pena começar a observar sinais de prontidão da criança para, aos poucos, estimular a independência de forma gentil e gradual.
Após os 2 anos:
Nesse momento, muitos especialistas consideram saudável iniciar a transição para o quarto próprio. Isso porque, além da segurança física já estar mais consolidada, a criança começa a desenvolver maior autonomia emocional. Ainda assim, cada família deve respeitar o seu tempo e o da criança. Se houver resistência, é possível conduzir essa mudança com calma, carinho e, acima de tudo, escuta atenta às necessidades afetivas do pequeno.
Por que algumas famílias prolongam a cama compartilhada?
Diversos fatores contribuem para que muitos pais optem por manter a cama compartilhada além do primeiro ano de vida do bebê. Em muitos casos, essa escolha não é apenas prática, mas também emocional e afetiva.
- Para começar, a insegurança do bebê em dormir sozinho é uma das razões mais comuns. Como ele ainda está em processo de amadurecimento emocional, a presença dos pais durante a noite traz conforto e tranquilidade.
- Além disso, a cama compartilhada costuma facilitar o manejo dos despertares noturnos, o que é especialmente útil para quem ainda amamenta. Ter o bebê por perto evita que os pais precisem levantar várias vezes, promovendo noites um pouco mais descansadas para todos.
- Outro fator importante é a realidade de muitas famílias brasileiras. Condições de moradia com poucos cômodos, por exemplo, tornam a cama compartilhada uma alternativa viável e necessária — e, nesse contexto, adaptar a rotina da família acaba sendo a escolha mais realista.
- Vale destacar também que, em algumas culturas ou tradições familiares, dormir junto é algo natural e até incentivado, sendo visto como uma forma de fortalecer o vínculo entre pais e filhos.
- Por fim, há ainda o desejo sincero dos pais de manter o vínculo noturno com o bebê, especialmente nos primeiros anos, quando o tempo juntos durante o dia pode ser curto devido ao trabalho ou outras demandas da rotina.
Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cerca de 45% das famílias brasileiras mantêm os filhos dormindo junto até os 2 anos, e aproximadamente 25% seguem com a prática até os 3 anos ou mais. Esses números mostram que a cama compartilhada, quando feita com consciência e segurança, é uma escolha bastante comum — e, muitas vezes, necessária.
Quais os desafios de prolongar a cama compartilhada?
Embora a cama compartilhada traga muitos benefícios, especialmente nos primeiros meses, é natural que, com o passar do tempo, surjam alguns desafios — tanto para a criança quanto para os pais.
Em primeiro lugar, pode haver uma dificuldade maior na construção da autonomia do sono. Isso porque a criança se acostuma a adormecer com a presença física de um adulto, tornando mais difícil o processo de dormir sozinha no futuro.
Além disso, a dependência emocional noturna tende a se intensificar. Em muitos casos, o bebê só consegue pegar no sono ou voltar a dormir se estiver junto da mãe ou do pai. Essa necessidade constante pode ser cansativa e até desgastante com o tempo.
Outro ponto que merece atenção é a privacidade do casal. Dormir todas as noites com o bebê no meio pode afetar a intimidade, a rotina do relacionamento e até o descanso dos adultos — especialmente quando a criança se movimenta muito durante o sono.
Por fim, quanto mais tempo a cama compartilhada se prolonga, maior tende a ser a resistência da criança quando chega o momento de fazer a transição para o próprio quarto. Isso não significa que a mudança não possa acontecer, mas sim que ela exigirá ainda mais paciência, consistência e acolhimento por parte da família.
Apesar desses desafios, é importante lembrar que eles podem ser administrados com planejamento, escuta ativa e, principalmente, respeitando o tempo de cada criança. Afinal, o equilíbrio entre vínculo e autonomia se constrói aos poucos — com afeto, segurança e muito diálogo.
Como saber se chegou a hora de encerrar a cama compartilhada?
Não existe um momento certo e obrigatório, mas alguns sinais podem indicar que o bebê ou a criança já está pronto para dormir no próprio espaço:
- Dorme por períodos mais longos sem acordar
- Demonstra interesse pelo próprio quarto ou cama
- Aceita pequenas distâncias durante o dia e nas sonecas
- Fica mais tranquilo em outros ambientes além da cama dos pais
Se esses comportamentos começarem a surgir, pode ser um bom momento para pensar na transição.
Como fazer a transição de forma respeitosa?

Essa mudança pode ser delicada para a criança e para os pais, por isso, o ideal é que aconteça de forma gradual e respeitosa. Algumas estratégias ajudam bastante nesse processo:
1. Prepare o ambiente
Deixe o quarto do bebê aconchegante, com objetos que ele goste, iluminação suave e, se possível, coloque um berço ou cama auxiliar perto da sua cama para iniciar a separação aos poucos.
2. Estabeleça uma rotina noturna
Crie momentos calmos antes de dormir: banho, história ou música suave. Isso ajuda a criança a associar o quarto e o sono a um ambiente seguro.
3. Comece pela soneca
Antes de mudar as noites, que são mais desafiadoras, faça as sonecas diurnas no novo ambiente.
4. Use reforços positivos
Elogie e valorize cada pequena conquista da criança. Isso fortalece a segurança e a autoestima.
5. Respeite o tempo da criança
Se houver muita resistência ou choro excessivo, volte um passo e tente novamente dias depois. O importante é manter o vínculo afetivo e a segurança emocional.
Minha experiência com a transição
Aqui em casa, ainda fazemos cama compartilhada. Minha filha tem 2 anos e 4 meses. Ela sempre foi muito apegada e, ainda resiste bastante a dormir no quarto dela. Diz que a cama da mamãe é mais gostosa rs. Mas por aqui, é impossível dormirmos os 3 na mesma cama, então o pai dela sempre dorme no outro quarto. Mesmo se a deixo dormindo sozinha, durante a noite ela acorda e me chama, então deito com ela e passo a noite na mesma cama.
Durante o dia, ela faz as sonecas no quarto dela e, só então, a noite a deixo dormir na minha cama, caso ela queira. Esse é um jeito que ainda funciona pra gente, e tá tudo bem.
Cada família encontra o seu caminho, sem culpa e sem pressão.
Conclusão
A cama compartilhada é uma prática cheia de benefícios e desafios. O tempo de duração ideal vai variar de acordo com a dinâmica de cada família e, principalmente, com o bem-estar do bebê e dos pais.
O mais importante é agir com informação, respeito ao tempo da criança e segurança. E, quando chegar a hora de fazer a transição, saiba que esse também será um momento de aprendizado e crescimento para todos.
Lembre-se: maternidade não é competição e ninguém conhece melhor o seu bebê do que você.