Cama Compartilhada: Benefícios, Riscos e Como Fazer com Segurança

Se você, assim como eu, já se pegou no meio da madrugada tentando acalmar um bebê chorando e pensou: “Seria tão mais fácil se ele dormisse comigo…”, saiba que você não está sozinha. A cama compartilhada é um tema que gera muita conversa entre mães, pediatras e especialistas em sono infantil. Afinal, dormir juntinho pode trazer conforto e praticidade, mas também exige cuidados muito importantes.
Neste artigo, vou compartilhar tudo o que você precisa saber sobre cama compartilhada: desde os benefícios e riscos até as recomendações para garantir que essa prática seja feita de forma segura. Tudo isso com base em evidências científicas atualizadas, além de relatos de quem já vive essa experiência.
O que é cama compartilhada?
Para começar, vale explicar exatamente o que significa cama compartilhada. O termo refere-se à prática de adultos e bebês dormirem na mesma cama, lado a lado. Isso é diferente do conceito de co-sleeping, que abrange tanto a cama compartilhada quanto o bebê dormindo em um berço acoplado ou no mesmo quarto.
No Brasil, a prática é muito comum. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), estima-se que cerca de 40% dos bebês brasileiros dormem junto com os pais, especialmente nos primeiros meses de vida.
Benefícios da cama compartilhada

1️⃣ Facilita a amamentação noturna
Um dos maiores benefícios relatados por mães que optam pela cama compartilhada é, sem dúvida, a facilidade para amamentar durante a madrugada. Afinal, estando tão perto, o bebê consegue mamar mais vezes e, além disso, de forma muito mais tranquila.
Para reforçar essa percepção, um estudo publicado no Journal of Developmental & Behavioral Pediatrics (2011) revelou que mães que dormem com seus bebês tendem a amamentar até três vezes mais à noite, se comparadas àquelas que colocam o bebê em outro cômodo.
2️⃣ Reduz episódios de choro noturno
Além da amamentação facilitada, estudos apontam que o contato pele a pele e a proximidade constante com a mãe também ajudam a acalmar o bebê. Como consequência, há menos despertares durante a noite e, consequentemente, menos episódios de choro.
Para complementar, a Academia Americana de Pediatria (AAP) afirma que bebês que dormem no mesmo quarto que os pais — seja em berço ou na cama — apresentam não apenas menor risco de morte súbita, mas também níveis reduzidos de estresse noturno.
3️⃣ Fortalece o vínculo mãe e bebê
Além desses benefícios, o ato de dormir juntos reforça de maneira significativa o vínculo emocional entre mãe e bebê. Isso é especialmente importante nos primeiros meses de vida, período em que o bebê ainda está se adaptando ao ambiente fora do útero.
Para fortalecer ainda mais essa ideia, pesquisas realizadas pela UNICEF indicam que a proximidade noturna contribui não só para o desenvolvimento emocional saudável, mas também para a sensação de segurança e bem-estar do bebê.
Riscos da cama compartilhada
Por outro lado, como toda escolha na maternidade, a cama compartilhada também envolve riscos e deve ser feita com atenção redobrada.
Risco de sufocamento e morte súbita
A Academia Americana de Pediatria reforça que a cama compartilhada sem medidas de segurança aumenta o risco de sufocamento acidental, hipertermia e síndrome da morte súbita do lactente (SMSL), especialmente nos três primeiros meses de vida.
De acordo com dados de um estudo publicado no Pediatrics Journal (2014), o risco de morte súbita em bebês que compartilham a cama sem segurança adequada é até 5 vezes maior.
Perigo de queda e esmagamento
No entanto, dormir na mesma cama exige alguns cuidados extras que não podem ser ignorados. É fundamental ter atenção redobrada com travesseiros, cobertas e, principalmente, com o espaço físico ao redor do bebê. Afinal, ambientes improvisados ou desorganizados acabam aumentando o risco de acidentes durante a noite. Por isso, preparar o local de forma segura faz toda a diferença para garantir noites mais tranquilas e protegidas.
Como fazer cama compartilhada de forma segura

Se mesmo conhecendo os riscos você decidir praticar a cama compartilhada, saiba que é possível torná-la mais segura seguindo algumas recomendações fundamentais. Vamos a elas?
Use colchão firme
Evite camas muito macias ou colchões de água. O ideal é que o bebê durma sobre superfície firme e plana, sem afundar. Isso reduz o risco de sufocamento e melhora a estabilidade.
Livre-se de travesseiros, mantas e pelúcias
Qualquer objeto solto na cama representa um risco. Opte por deixar apenas o essencial, garantindo que nada possa cobrir o rosto do bebê enquanto ele dorme.
Posicione o bebê corretamente
O bebê deve dormir entre a mãe e a parede ou grade de proteção, nunca entre dois adultos. Além disso, mantenha o bebê na posição supina, ou seja, de barriga para cima — essa é a posição mais segura para o sono.
Evite a cama compartilhada se o adulto:
- Consumiu álcool, medicamentos sedativos ou drogas
- Está extremamente cansado ou propenso a sono profundo
- Fuma (mesmo fora do ambiente do quarto, pois os resíduos de nicotina na pele e roupas aumentam o risco de SMSL)
Prefira roupas adequadas ao ambiente
Em vez de cobrir o bebê com cobertas, opte por vestir roupas adequadas à temperatura. O superaquecimento é um dos fatores de risco para morte súbita.
Até quando praticar a cama compartilhada?

Essa dúvida aparece com frequência entre as famílias, e não é para menos. A recomendação da Academia Americana de Pediatria é que o bebê permaneça no mesmo quarto dos pais — seja no berço ou moisés — até, pelo menos, os 6 meses de idade, preferencialmente até o primeiro ano.
Porém, é importante destacar que muitas famílias optam por estender esse período conforme as necessidades e o conforto de todos.
Além disso, pesquisas da Sociedade Brasileira de Pediatria mostram que uma boa parte dos pais brasileiros mantém os filhos na mesma cama até os 2 anos. Nesses casos, o ideal é que a transição para o quarto próprio aconteça de maneira gradual e respeitosa, acompanhando o ritmo da criança.
Minha experiência com cama compartilhada
Aqui em casa, confesso que a cama compartilhada salvou muitas madrugadas. Nos primeiros meses, achamos que conseguiríamos seguir a recomendação de deixar o bebê no berço ao lado da cama, mas a prática foi bem diferente.
Os despertares constantes e a necessidade de amamentar de hora em hora acabaram nos levando para a cama compartilhada — e, claro, com todos os cuidados. Aos quatro meses, minha filha passou a dormir conosco. Sempre do meu lado, pois eu quase não me mexo quando estou dormindo, e fiz uma espécie de “ninho” pra ela, utlizando uma fronha e uma toalha. Vou deixar o video abaixo de como fiz isso.
Com isso, não só o bebê dormiu melhor, mas eu também passei a descansar de forma mais tranquila. E, se tem uma coisa que eu aprendi nessa jornada materna, é que cada família encontra seu jeito de fazer as coisas, desde que com segurança e informação.
Conclusão
A cama compartilhada pode, sim, ser uma prática acolhedora, emocionalmente importante e, além disso, bastante funcional para muitas famílias. Ainda assim, é fundamental estar ciente dos riscos envolvidos e, principalmente, seguir medidas de segurança bem estabelecidas para proteger o bebê durante o sono.
Por isso, se você está pensando em adotar a cama compartilhada aí na sua casa, não deixe de conversar com o pediatra de confiança. Além disso, aproveite para ajustar o ambiente e, claro, observar com carinho as necessidades do seu bebê e da sua família ao longo dessa jornada.
Por fim, vale sempre lembrar: não existe certo ou errado na maternidade. O que existe, de fato, é aquilo que funciona para cada família. E, quando fazemos escolhas com informação, cuidado e respeito, tudo fica muito mais leve e acolhedor.