Puerpério: o que é, fases e como lidar com esse novo capítulo da maternidade

Mãe sentada na cama com o seu bebê recém nascido, passando pela fase de puerpério

Quando a gente fala sobre puerpério, logo vem à mente aquela fase de mudanças intensas — e de fato, é um período “quase mágico” por reunir corpo, emoções e sono bagunçado. Ainda que cada mãe viva de um jeito, esse momento após o parto merece atenção especial e muito apoio. Afinal, é quando o organismo começa a “voltar ao normal” da pré-gestação, e emocionalmente a gente ainda está se ajustando à nova missão de mãe.

O que é puerpério?

Simplificando, o puerpério é o período que começa na saída da placenta e vai até que seu corpo retome funções hormonais e físicas — muitas vezes identificado pela primeira menstruação ou ovulação. Ou seja, é a fase em que o corpo da mãe se reorganiza depois da gestação.

Por que o termo “resguardo”?

Popularmente, o puerpério também é chamado de resguardo ou quarentena. Isso porque, tradicionalmente, as mães ficavam em repouso por cerca de 40 a 45 dias. Aliás, hoje já sabemos que ele costuma durar entre 45 e 60 dias, e pode se estender mais para quem amamenta.

Quais são as fases do puerpério?

1. Puerpério imediato (1º ao 10º dia)

Nesse primeiro momento do puerpério, o corpo começa a passar por várias transformações ao mesmo tempo. Por exemplo, o útero inicia o processo de involução, ou seja, vai voltando gradualmente ao seu tamanho normal. Além disso, há a eliminação do corrimento vaginal (os chamados lóquios), que pode durar algumas semanas. Também é comum sentir contrações uterinas — especialmente durante a amamentação — e iniciar a cicatrização, principalmente se houve cesárea ou alguma laceração durante o parto. Paralelamente a tudo isso, o emocional costuma oscilar bastante, o que é completamente natural e esperado para essa fase tão intensa.

2. Puerpério tardio (11º ao 42º dia)

Nessa fase, o corpo já mostra sinais claros de recuperação. O útero já está bem menor, o endométrio — aquela camada interna do útero — cicatrizou, e os sangramentos vão ficando cada vez mais leves até desaparecerem. Enquanto isso, a amamentação costuma estar mais estável, o que traz mais confiança para a mãe. A partir das 6 semanas, e até por volta da 12ª, a ovulação e a menstruação podem começar a voltar. No entanto, se você estiver amamentando com frequência, esse retorno pode demorar um pouco mais — o que também é normal.

3. Puerpério remoto/pós-subagudo (43º dia em diante)

Nessa etapa, o corpo continua se ajustando. Além disso, a ovulação torna-se mais previsível — especialmente se você não estiver amamentando. É também o momento em que, aos poucos, muitas mães voltam a pensar em contracepção, vida sexual e na retomada da rotina normal.

O que acontece no corpo durante o puerpério?

  • Involução uterina: o útero volta do tamanho de cerca de 32 cm para cerca de 7 cm e de aproximadamente 1,5 kg para 60 g
  • Lóquios: começa vermelhos e intensos, clareia com o tempo e pode durar até seis semanas
  • Alterações hormonais: queda acentuada de estrógeno e progesterona, com oxitocina pela amamentação — e essa mistura mexe bastante com o humor
  • Mudanças na mama e intestino: produção de leite, cólicas devido à amamentação, intestino lento — tudo normal, mas requer atenção.
  • Alterações emocionais: o famoso baby blues é comum — tristeza leve, choro fácil, ansiedade e sono ruim, que tende a melhorar em duas semanas.

Puerpério emocional: válido e importante

mãe aninhada com seu bebê recém nascido no colo, no puerpério

Não dá para separar corpo e emoções nessa fase. Afinal, o puerpério emocional envolve insegurança, choro sem razão aparente, excesso de autocobrança, cansaço acumulado e medo de não dar conta — ou seja, um combo intenso, porém absolutamente normal.

Sinais de alerta durante o puerpério emocional

  • Tristeza profunda ou persistente (mais de 2 semanas);
  • Dificuldade extrema no vínculo com o bebê;
  • Ideias de automutilação ou afeto negativo;
  • Falta de apetite ou sono que atrapalha o cotidiano.

Se você identificar qualquer um desses sinais, por favor, não hesite em procurar ajuda profissional. Afinal, sua saúde emocional é tão importante quanto a física — e merece todo o cuidado.

Como lidar com o puerpério

  1. Descanse sempre que puder: sempre que possível, durma quando o bebê dormir. Esses momentos fazem diferença.
  2. Peça ajuda: compartilhar as tarefas com parceiros, amigos ou familiares, além de aliviar a carga, fortalece vínculos e faz toda a diferença.
  3. Hidrate-se e alimente-se bem: afinal, cuidar do corpo ajuda diretamente a regular o humor e manter a energia.
  4. Movimente-se de forma leve: práticas como ioga, alongamentos e caminhadas suaves são muito bem-vindas nesse período.
  5. Valorize sua rede de apoio: ouvir, acolher e compartilhar experiências fez – e ainda faz – toda a diferença pra mim e pra muitas outras mães.
  6. Fale sobre suas emoções: conversar com amigas, participar de grupos de apoio ou buscar um profissional pode ajudar a validar seus sentimentos e aliviar o coração.
  7. Consulte o obstetra: por fim, as revisões pós-parto são essenciais para acompanhar qualquer complicação — seja ela emocional ou física.

Quando buscar ajuda médica?

mãe sentada no sofá segurando bebê no colo e amamentando, com uma médica ao lado e uma menina.
  • Se os sintomas físicos (como sangramento, dor ou sinais de infecção) persistirem além do tempo esperado;
  • Se o emocional continuar negativo, sem sinais de melhora após 2 a 3 semanas;
  • Ou ainda, se surgirem sintomas de depressão pós-parto, como choro incontrolável, isolamento e falta de interesse nas atividades do dia a dia;
  • Então, não hesite: é sempre melhor prevenir do que remediar. Buscar ajuda pode fazer toda a diferença para sua saúde e bem-estar.

Dicas para se preparar antes do bebê nascer

  • Monte sua rede de apoio com pessoas de confiança — especialmente aquelas que possam ajudar cozinhando, cuidando da casa ou ficando com o bebê, mesmo que por pouco tempo.
  • Além disso, organize com antecedência roupas, fraldas e os itens básicos que você vai precisar nos primeiros dias em casa.
  • Sempre que possível, planeje refeições congeladas e práticas: elas facilitam muito a rotina quando o cansaço bate.
  • Por fim, converse abertamente com seu parceiro sobre a divisão de tarefas e, principalmente, sobre as trocas noturnas — isso ajuda a manter o equilíbrio e evita sobrecarga.

Conclusão

Em resumo, o puerpério é uma fase universal, delicada e ao mesmo tempo transformadora. Embora envolva mudanças físicas e emocionais intensas, tudo pode ser enfrentado com acolhimento, apoio e paciência — consigo mesma e com quem está ao seu lado. É uma fase de aprendizado para todos. Se algo não fizer sentido ou persistir, peça ajuda. Afinal, ser mãe é também aprender e se cuidar. Você precisa estar bem para cuidar do seu bebê.


Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Quanto tempo dura o puerpério?
Normalmente entre 45 a 60 dias, podendo se estender se a amamentação for prolongada.

2. Puerpério e baby blues são a mesma coisa?
Não. Baby blues é um componente emocional do puerpério, mas o puerpério inclui também aspectos físicos e hormonais.

3. É possível engravidar durante o puerpério?
Sim, especialmente quando a ovulação retorna (por volta de 30‑45 dias sem amamentação). Converse com seu médico sobre contracepção.

4. Quando retomar os exercícios físicos?
Depende do parto: mulheres com parto vaginal podem começar leve quase que de imediato, enquanto quem teve cesariana deve aguardar cerca de 6 semanas.

5. O que são lóquios?
É o sangramento pós-parto — inicialmente intenso e vermelho, depois clareia até desaparecer por volta de 6 semanas.

6. Como saber se é depressão pós-parto?
Se os sintomas de tristeza forem intensos, durarem mais que duas semanas e vierem acompanhados de sentimento de culpa, desesperança ou isolamento, procure ajuda profissional.


Se quiser trocar dicas, contar sua experiência ou fazer outras perguntas sobre o puerpério, é só comentar. Você não está sozinha — juntas seguimos mais fortes e acolhidas nessa jornada materna 😊

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