Violência Obstétrica: o que é e como identificar para se proteger

duas mães segurando as barrigas de grávidas. como identificar violência obstétrica

Você já ouviu falar em violência obstétrica? Esse é um termo que, infelizmente, ainda precisa ganhar mais visibilidade. Afinal, muitas mulheres passam por situações desrespeitosas ou até traumáticas durante a gestação, o parto ou o pós-parto sem sequer perceber que se trata de um tipo de violência. Eu mesma, como mãe, só fui entender a dimensão desse assunto depois de ouvir relatos de outras mulheres e pesquisar a fundo. Por isso, quero conversar com você de forma acolhedora e clara sobre esse tema tão importante.

O que é violência obstétrica?

Antes de mais nada, precisamos entender que a violência obstétrica acontece quando a mulher sofre maus-tratos, desrespeito, humilhação ou procedimentos desnecessários durante o período gestacional, no parto ou até no puerpério. Isso pode se manifestar de várias formas, desde a falta de informações adequadas sobre os procedimentos até práticas invasivas sem o devido consentimento.

Em outras palavras, trata-se de qualquer atitude que tira da mulher o direito de viver sua experiência de forma digna, respeitosa e segura. E, embora muita gente ainda ache que esse tema é exagero, basta ouvir algumas histórias reais para perceber que, infelizmente, é uma realidade presente em muitos hospitais e maternidades.

Exemplos de violência obstétrica

Pode ser difícil identificar, mas quando conhecemos alguns exemplos, fica mais claro perceber quando estamos diante de uma situação de violência. Veja alguns dos mais comuns:

  • Negar informações sobre procedimentos médicos ou não explicar riscos e alternativas.
  • Realizar intervenções sem consentimento, como episiotomia (corte na região do períneo) ou cesariana desnecessária.
  • Minimizar a dor ou sofrimento da gestante, com frases do tipo “na hora de fazer não reclamou”.
  • Impedir a presença de acompanhante, mesmo quando é um direito garantido por lei.
  • Tratamento grosseiro ou humilhante, que desconsidera a sensibilidade da mãe nesse momento tão especial.

Ao listar esses exemplos, talvez você até se lembre de alguma amiga — ou de você mesma — que passou por situações semelhantes. Isso mostra o quanto ainda precisamos falar sobre o assunto.

Por que precisamos falar sobre violência obstétrica?

mulher tendo bebê em cesarea

Muitas vezes, a violência obstétrica passa despercebida porque foi normalizada ao longo do tempo. Nossas mães e avós, por exemplo, viveram partos em que não tinham voz nem escolhas. Assim, cresceu-se acreditando que esse seria “o jeito certo” de dar à luz. No entanto, hoje temos mais informação, e com isso vem também a responsabilidade de quebrar esse ciclo.

Além disso, o silêncio em torno da violência obstétrica faz com que mulheres se sintam culpadas ou incapazes, quando na verdade são vítimas de um sistema que deveria acolher. Falar sobre o tema, portanto, é uma forma de empoderar outras mães, incentivar denúncias e exigir mudanças no atendimento à saúde.

Como se proteger da violência obstétrica?

Felizmente, existem algumas formas de reduzir os riscos de passar por essas situações. Não é garantia absoluta, mas aumenta bastante as chances de ter uma experiência mais positiva. Algumas dicas práticas são:

  • Busque informação de qualidade: quanto mais você souber sobre o processo de parto, mais preparada estará para questionar e tomar decisões.
  • Monte um plano de parto: esse documento descreve suas preferências e pode ser entregue à equipe médica.
  • Escolha bem a equipe: se possível, opte por profissionais e instituições que valorizem um parto respeitoso.
  • Exija seus direitos: a presença de um acompanhante é lei, e ninguém pode impedir.
  • Converse com outras mães: relatos reais ajudam a entender como funcionam diferentes hospitais e profissionais.

Assim, você não apenas se fortalece como mulher, mas também inspira outras a fazerem o mesmo.

Existe lei contra a violência obstétrica?

No Brasil, a expressão “violência obstétrica” ainda gera debates. Embora não exista uma lei específica com esse nome, os atos que configuram esse tipo de violência podem ser enquadrados como violação dos direitos humanos, além de desrespeito ao Código de Ética Médica. O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde já reconheceram a importância de combater essas práticas.

Por isso, se você passou por uma situação de violência obstétrica, saiba que é possível denunciar. A primeira opção é registrar queixa na própria instituição. Outra alternativa é procurar a Ouvidoria do SUS, o Conselho Regional de Medicina ou até mesmo o Ministério Público. Embora não seja fácil reviver essa experiência, sua denúncia pode evitar que outras mulheres passem pelo mesmo.

Como apoiar outras mulheres nessa jornada

uma mulher apoiando a outra em caso de violência obstétrica

Além de se proteger, você pode ajudar outras mães a se sentirem mais seguras. Compartilhar informações, oferecer apoio emocional e, principalmente, validar os sentimentos de quem sofreu violência obstétrica faz toda a diferença. Muitas vezes, a dor maior vem justamente de não ser acreditada. Por isso, acolher é também um ato de resistência.


Conclusão: informação é poder

Falar sobre violência obstétrica pode parecer desconfortável, mas é absolutamente necessário. Só assim conseguimos transformar a experiência do parto em algo realmente humano, seguro e respeitoso. Como mães, sabemos que esse é um momento delicado, cheio de expectativas e emoções. Então, nada mais justo do que sermos tratadas com dignidade e cuidado.

Afinal, quando uma mulher tem o direito de escolher, ser ouvida e respeitada, todos ganham: a mãe, o bebê e toda a família. E você, já conhecia esse termo? Já ouviu algum relato parecido? Compartilhe este conteúdo para que mais mulheres possam se informar e, juntas, possamos dar um basta à violência obstétrica.

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